A GRANDE AVENTURA
 ui atacado por abutres, eles moravam na paciência que tenho, numa casa chamada respeito, eu não havia percebido seus ninhos em minhas horas, eles queriam minha pele, olhos e víceras, eu sonho com eles e lá também sou atacado,os abutres são contra quem voa e quem tem sangue, eles esperam que eu morra mas me atacam porque estou vivo. É inveja, é natureza, é luta.
Eu contei para a janela que não existe maior aventura que a Verdade, e os abutres não querem isso, precisam de meus sonhos, de meu sangue e coração, eles querem me fazer dormir diante de minha vida, para tanto, voam em círculos maldizendo minha sorte, e falam que meu futuro está prometido ao beliscar dos segundos, dos minutos e das horas, dizem em tom de agouro e clamor que serei infeliz por eu ser inocente, minhas paredes e vitrais são da mesma pele fraca, eu sei que sou e digo a eles -como falo a mim - que não existe maior audácia do que viver a própria Verdade. E os abutres falam que eu deveria voar, que eu tenho que ter sangue, que minha vida é uma janela sem saber das coisas, que eu deveria ler mais os autores com língua e penas negras, dizem os abutres que sou covarde e passarinho, mas eu digo, não gosto dos coveiros que moram no céu, e ficam seus olhos na natureza da terra, à espera de confirmarem seus corações cheios de mentiras fedorentas que são suas verdades conquistadoras. Eles não tem olhos, peles ou corações, abutres tem receitas como autores negros para a vida alheia, eles não conseguem ver suas manchas no céu, mas eu daqui de baixo os enxergo e isso é coragem.
Os abutres não têm fé, têm fome, eles com medo da Verdade espreitam os fracos falirem e assim admirarão com os beiços de ossos as carnes cardíacas, eu já ouvi abutre em silêncio, e chamam isso de estratégia e revanche, isso para mim é perversidade, um sonho de esqueletos, aquecer-se com as peles dos outros, descosturando suas vidas com agulhas travestidas de promessas, disfarçam a paz de seus silêncios com vitórias em outros cadáveres, os fracos caem, e riscam o chão com os ossos do joelho, é o mapa dos abutres, eles seguem o passo da derrocada alheia e assim se convencem de que é melhor ser abutre, e voam, voam, em círculos procurando outro beijo de suas façanhas advinhadas, são bons os abutres em dizer que tudo morre, pois só isso percebem, são mulheres velhas os abutres, domam a razão em detrimento da Verdade, querem se dizer sábios porque no fim se descobrem alimentados pelo que avisaram e não pela natureza das peles, querem conquistar os caídos, os derrotados, os contratados pela natureza a desenhar no chão o traçado que os leva até seu alimento, mas eu olho para o céu, e isso me nutre, minha luta é com eles, mas só nos meus olhos eu os venço, porque eles se escondem entre tudo que é belo, e dizem-se donos de todos os caminhos, donos dos céus! Sábias senhoras imperadoras lhes digo: "não há maior aventura que a própria verdade."
Na sala principal do respeito existe uma mensagem dos autores do céu, assim lêem as janelas: "E serão brandos uns com os outros, feito como nuvens que se entrelaçam num caso de amor celeste, a verdadeira chuva de ódio são as lágrimas que sobem para serem bebericadas pelos abutres, mas a janela do céu diz que o amor está em ser pele fraca, olhos inocentes e coração aberto."
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Nos ninhos deles em minhas horas eu encontrei cristais de vergonha e tristeza, nenhum abutre explicou sua prole, e refugiaram-se no meu céu, cabisbaixos, para ver se encontram seus sonhos num amor de expostas víceras, nos cantinhos de meu medo e piedade.
2:46 PM
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2 Comments:
"... não existe maior audácia do que viver a própria Verdade"....
ESTÁ DIFICIL ACHAR PESSOAS VERDADEIRAS.. (adorei o texto)
bjuu
Me causou calafrios o texto.
Amei Gustavo!
Vou reproduzí-lo em breve no meu fotolog, com seus créditos, e sua autorização!!
Bjo.
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