<BODY ><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d22473777\x26blogName\x3dQue+Tenhas+Teu+Corpo\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLACK\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://quetenhasteucorpo.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://quetenhasteucorpo.blogspot.com/\x26vt\x3d-506409437810839571', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
 
   Index






Design by
Gustavo Eólico
2005-2006




Habeas Corpus
-
Que tenhas teu Corpo
POSSE HISTÓRICA

xiste bem dentro de mim uma vontade sádica de manter a história fixada como uma pintura de secos guaches, eu tento muito fazer com que as coisas que vivo sejam para sempre repetidas, e nisso garantir a facilidade de viver, algo errado, posso sentir, e também impossível. Minha volatilidade já é incrivelmente perturbadora - ainda que no reduto ínfimo de pequenas alegrias - fica notoriamente dificil desejar o mesmo para os que me rodeiam.

Essa vontade de ser dono dos fatos e por conseguinte de seus desdobramentos é uma trava terrível no meu coração, um protocolo confuso e abstrato que outros vão certamente chamar de infantilidade, e é isso mesmo, não discordo dessas avaliações, e peço desculpas a quem magoei por tentar trancar junto com minha liberdade os futuros que não são meus.

Uma vez meu pai prendeu um cachorro que encontrou na rua, era um cão relativamente bonito, nada especial, e disse para eu e meu irmão ficarmos quietos, na verdade ele se envaideceu com o cão e o queria muito, vi no desenho de seu semblante a coisa vulgar de seu desejo, fiquei quieto com o coração dolorido, então no dia seguinte veio a dona reclamar o pobre bichinho, e meu pai teve que entregar o mesmo com algum descaramento, sendo que havia dito a ela não ter visto o animal, eu só posso ver essa situação com muita vergonha, mas perdi boa parte dessa memória nas águas correntes dos dias.

Eu tenho a vaidade de guardar história, isso dói muito, muito mesmo, chega ao ponto de me fragilizar frente aos novos futuros, e quando estou diante de alguma situação que relembre o meu pertence as cores estão secas, o sentido subjugado a um protocolo de museu e a beleza destinada a ser uma água reciclada, cada vez em menor volume, ainda que com o gosto mais forte de seus preparos de resgate.

Sei que a trava dentro do meu coração é promovida pela falta de fé, não ter coragem é a coisa mais grave na vida, não existe doença pior.

Sei também que estão ocultos por trás de minha insegurança o discurso alheio e falta de exemplos, sou governado ainda por uma multidão de apavorados, de alarmes mentirosos com o mesmo vício que o meu na tentativa de formular a felicidade na museologia de seus dias. Só recentemente tenho me permitido avançar com minha vontade e submeter o mundo ao meu querer, ainda assim, uma obra baseada em apoios fortuitos e numa aposta contínua, sendo que o resultado imediato é doloroso demais, porém o lastro histórico adquirido é propulsante, e assim me desfaço das caixas de mármore que pensava serem navios, alijo-me desse conteúdo que não mais me contém, e aos poucos descubro um ponte sobre o oceano da vida, feita com cada um desses fatos jogados ao mar, pilares de um novo tempo de verdade, não uma repetência contínua dos meus prazeres cada vez mais descascados, mas o carinho comigo mesmo de me permitir o do vento.

O desafio de possuir-se é desfazer-se do passado, mas não existe maneira de entender a gente senão pelo efeito do mesmo em nossas ferramentas de experimentação, a pele curtida do pedreiro, a mão cansada, calejada e seu pulmão cheio de cimento é tudo obra das construções dessa história, um palácio erguido na jaganda de um peito frágil, no couro da pele vivida, do sonho pesado, do pulmão cada vez menos hábil com os suspiros.

Abandonar a si mesmo parece um absurdo, mas metafisicamente é a utópica cura para o vício da posse histórica. Ou então apostar como um aventureiro, na astúcia criativa de todos os dias e retocar as cores, ver o guache vicejar em novas linhas, em pulmões sem a poeira da obra, e suspirar sempre com um amor sendo novo.

E o novo nunca será a obra de ontem, mas o audaz se faz assim a cada amanhã ainda não vinda, e derruba sem medo os monolitos marcados à unha com seu nome e dignidade. Sei que não é para muitos a aventura da transcendência, e nem sei se é para mim, mas que numa tela é lindo demais ver, como seria a ela, viver?


11:26 AM

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi Gustavo!
Vim aqui conhecer seu blog!
Muito bacana seu template! Parabéns!
Seu texto me fez pensar como o bicho homem é estranho, pra sermos livres, pra "nos acharmos" é preciso mesmo "nos abandona" nos desapegar das coisas do mundo... Uma locura, nem Freud explica, hehehe
Abraços

5:48 PM  

Postar um comentário

<< Home


Dê a outra face, repouse em conflitos
e ande sobre mares revoltos.
Eis a Liberdade.