DA SERENIDADE
 ponto alto de um caminho é o caminhante chegar a reflexão do que lhe acompanha. Não preciso chegar ao final de nada, somente dar-me por satisfeito por olhar ao redor e ver os cactos, os trens, as placas, as faixas de tinta no chão, os sorrisos, os absurdos, o comum, o exagerado, o tempo e o diagnóstico dos trechos. Nessa orientação, não importa em que parte estejamos, o olhar para o que denota movimento é o princípio da realização, que muito melhor é - e plenificada fica - se pudermos parar e ver o tanto de nós que continua andando mesmo quando de peito inchado, recuperando o fôlego, armamos os nossos braços seguros na cintura e sentimos o sol no rosto, falando com os carinhos das lágrimas de suor, alisando vitoriosa na linha do tráfego diário, esse nosso esforço de correr com nossa pele.
E assim nos comportamos ideais, perfeitos no centro de nosso eixo, vendo o objeto real do movimento pelas coisas ao nosso redor passando sem nos dar tempo à compassividade exigida, sem nos dar forças para o peito dizer-se parado, como se tivesse culminado ao fim dos passos. Se parado estivéssemos de verdade, o chão não seria semente, e o solo é sémen, vejam quantos são os homens que não aguentam o clamor da terra, convidados pelo gigantismo de seus limites aos périplos de novas jornadas, e a serenidade nasce disso, de saber que o caminho nunca termina, só porque a gota de suor é lágrima, e a estrada é chamado.
2:35 AM
|
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home