AVALANCHE INEVITÁVEL
 á somente uma direção para todas as pedras do alto de uma montanha, e há também só a ladeira para cada vontade de ser montanha, o desejo da rocha é ser paisagem, montanha talvez, mas por fim será chão, no meio do caminho, inevitavelmente rolará por cima de outras pedras e trará essas aos horizontes rasos que se prometem, o fim de um espírito sólido é desfazer-se sem culpa na poeria que levita, mas antes será desmanchado em milhões de pequenos valores até a simplificação sublime do resignado, e deitará a pedra ao nível confortável que o rancor do monte não empurrar mais a baixo, eu considero o fim de todos os caminhos somente o silêncio do percalço, antes disso é tudo chamado, para bem ao fundo sermos só pózinhos, e isso é sacro, é um jeito da montanha ser céu,suspensa por alguns minutos com seus sonhos eólicos no ar em poeira, convida sozinha a si mesma para sair andando entre suas peles tão desprotegidas, pois têm o mesmo espírito decadente, e faz-se então esfarinhada, aos poucos, às vezes sob influência de um leito líquido da chuva imprevista de prazeres ou das machadinhas de seus exploradores, que retiram faces e mais faces de seu rosto sem dono, jogando à superficie seu sorriso tão devoto de céu, e vão-se elas, pedaço por pedaço, no dia a dia, andando pelo chão determinada a ser menos montanha a cada minuto porque nada perdura, olhar para trás é ver um cume morto, e um céu mais distante. Dá dor e não adianta nada.
E avança para o chão a avalanche silenciosa de tudo que é grandioso, sem poder olhar para trás.
11:51 AM
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2 Comments:
Amo o que escreve...
posso dizer que me arrepiava enquanto lia?
nem sei o que comentar.
Mas quero que saiba que me arrepiava.
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